As mulheres pesquisadas estão com o colesterol pior do que os homens
Uma pesquisa sobre colesterol na terceira idade foi realizada pela DASA, empresa de medicina diagnóstica. O trabalho levantou os exames de 17.060 pessoas a partir de 60 anos realizados pelo laboratório de janeiro a junho de 2010. Os pacientes foram divididos em quatro grupos: Amostra 1, de 60 a 69 anos; Amostra 2, de 70 a 79 anos; Amostra 3, de 80 a 89 anos e Amostra 4, a partir de 90 anos. O resultado é que 57% das mulheres apresentaram níveis normais de colesterol, contra 71% dos homens.
Segundo Mauro Scharf, endocrinologista da DASA e responsável pela pesquisa, as mulheres costumam fazer mais exames do que os homens, mas também correm mais riscos que eles. “A variação hormonal ao longo da vida fértil, definida pelos ciclos menstruais, o consumo de anticoncepcional e fatores associados como estresse e obesidade, colocam as mulheres no grupo de risco de colesterol acima da normal ou alto”, explica o médico.
O colesterol total é considerado normal quando abaixo de 200 mg/dL e torna-se mais preocupante quando ultrapassa 240 mg/dL. Dentre as 10.316 mulheres pesquisadas pelo laboratório, 27,07% tinham os níveis de colesterol entre 200 e 239 mg/dL e 11,38% tinham os níveis de colesterol acima de 240 mg/dL. Já entre os 6.744 homens pesquisados, 18,66% tinham os níveis de colesterol entre 200 e 239 mg/dL e 5,34% tinham os níveis de colesterol acima de 240 mg/dL.
Outro dado relevante da pesquisa foi o fato de os mais velhos terem os melhores índices de controle dos níveis de colesterol. Entre as 206 mulheres com mais de 90 anos pesquisadas, 6,31 % tinham o colesterol acima de 240 mg/dL, contra 16,04% das 5.026 mulheres entre 60 e 69 anos. Entre os 66 homens com mais de 90 anos pesquisados, 1,52 % tinham o colesterol acima de 240 mg/dL, contra 8,97% dos 3.724 homens entre 60 e 69 anos. “Isso mostra que, quem se cuida, chega à maturidade com muito mais saúde”, diz Scharf.
O que é o colesterol alto
Segundo Scharf, a maior parte do colesterol presente no corpo é sintetizada pelo próprio organismo, sendo uma menor parte adquirida pela dieta (cerca de 30%). As fontes alimentares são os alimentos de origem animal: carnes (gado, frango, peixe, porco), ovos, leite integral, banha e manteiga. A gordura da alimentação absorvida no intestino que entra na corrente sanguínea, sendo transportada por proteínas até formar o complexo lipoproteína (lipo = gordura). As principais lipoproteínas são: HDL (conhecido como o bom colesterol), o LDL (denominado como o mau colesterol) e o VLDL. “O colesterol é necessário para algumas funções do organismo, como a produção de alguns hormônios e ácidos biliares. Mas, em excesso, pode causar problemas”, comenta o especialista.
Quando o colesterol atinge níveis altos, oriundos de distúrbio genético somado à alimentação incorreta, as artérias são obstruídas por blocos de gorduras, que interrompem a irrigação normal do sangue, levando às lesões e até à morte da região atingida. “Como exemplos podemos citar a obstrução das artérias do coração, que pode causar um infarto e impedir o órgão de bombear o sangue para todo o corpo, e a obstrução de artérias que irrigam o cérebro, o que pode acarretar um acidente vascular cerebral, conhecido pela sigla AVC”, acrescenta Scharf.
Como é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas, o diagnóstico é feito por meio de análises do sangue do paciente. Por isso, é muito importante a realização de exames periódicos. O ideal é que o paciente procure um médico e se submeta às medidas necessárias. O tratamento deve ter medicamentos à base de fibratos ou estatinas (classe de drogas que engloba várias substâncias com o mesmo mecanismo de ação, porém, de potências diferentes) e esta decisão sempre requer orientação médica. “A alimentação deve ser adequada, balanceada nutricionalmente, sem excesso de gorduras e, principalmente, com baixo teor de colesterol. Além disso, o paciente deve praticar exercícios físicos regulares", conclui Scharf.